Marinalva Bezerra Santana
12\04\2017
A antiga mata de cerrado e caatinga, povoado de licurizeiros, primitivamente pertencia aos domínios das tribos indígenas Paiaiás, até a sua completa extinção pelos exploradores em busca de riquezas.
O povoamento iniciou por compras de terras desde 1895 do latifúndio denominado Boqueirão de propriedade do coronel Porfírio Ferreira, como extensão territorial do município de Jacobina.
O extenso foral de terras, foi comprado inicialmente pelas famílias BEZERRA , ALVES e CORREIA, seguido da família GUIRRA e outros.
Consta na história que, na época, o senhor NORBERTO DIAS BEZERRA, e sua esposa Maria Isabel Dias Bezerra vieram de Jaguarari para a fazenda Boqueirão com seus 12 filhos ainda crianças.
MANOEL ALVES BRASILEIRO, que era descendente de italianos, casado com dona Damásia Alves Brasileiro vieram do povoado de Caldeirão do Mulato (Antônio Gonçalves - BA).
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LUIZ CORREIA da SILVA, o terceiro comprador das terras, casou-se com Dona Constantina Dias Bezerra, irmã de Norberto Dia Bezerra, também vindos de Jaguarari.
Em 1909, casa-se o primeiro filho de Norberto Dias Bezerra, Pedro Dias Bezerra, (conhecido Piroca) com a filha mais velha de Manoel Alves Brasileiro, Avelina Alves Brasileiro.
Na última década do século XIX, o novo proprietário, JOSÉ GUIRRA, natural de Itinga, atual município de Antônio Gonçalves, casado com Dona Ermelina Rosa da Anunciação, veio para essas terras, trazendo seus 10 filhos, com a compra da Fazenda Novilhas ao citado Coronel.
Pessoas de diferentes localidades vieram, por exemplo, de Queimadas, Jaguarari, Campo Formoso, Jacobina, Senhor do Bonfim e dos estados de Pernambuco, Ceará, pelos agravos das estiagens no Nordeste; outros fugitivos do trabalho escravo da lavoura no Recôncavo Baiano, outros filhos de escravos alforriados, vieram também do Tiririca ("Tiririca dos Negrinhos"), município de Queimadas, originando a Comunidade remanescente do Quilombo da Raposa, muitos explorando as matas com a extração das madeiras existentes. Tendo como elementos formadores da população as Famílias Bezerra, Alves, Brasileiro, Correia e Guirra, portugueses e italianos, o branco, índio, caboclo, negro. População esta constituída na maioria mestiça, fruto da miscigenação.
Em 1914, o vilarejo de Caldeirão Grande é desmembrado de Jacobina pela Lei Estadual nº 1024, de 06\07\1914, sendo anexado ao município de Saúde, recém-criado.
Os antigos proprietários das terras, fixaram residência no Caldeirão Grande, conhecido e aí constituíram os primeiros núcleos de moradia. Dedicaram-se ao plantio e a criação de animais e atividades da caça e da pesca. Utilizavam da água dos tanques e cacimbas e do caldeirão grande de pedras para beber. Concentraram-se no alto da lagoa, atual Rua Tiradentes, tendo como referência a Capelinha de Santa Rita (ainda existe as ruinas), Outros moradores na Rua da Matriz, onde existia um Cruzeiro e ao seu redor sepultava os mortos e a Capela que originou a Igreja Matriz de Caldeirão Grande. Algumas famílias no Largo Antônio Luiz, onde era realizado o comércio dos produtos da região pelos tropeiros que levavam do lugarejo o licuri, farinha, feijão, mamona, sisal, galinhas, ovos, rapadura e traziam o azeite, querosene, óleo, açúcar, tecidos, velas e condimentos. A feira sempre foi destaque na região. A primeira aconteceu na Praça Velha, atual Rua Euzébio Bezerra, passando para Rua da Matriz, onde surgiu a primeira loja, padaria e farmácia. Sempre na Segunda Feira ficou conhecida por ser também dia de missa na Igreja Matriz. Em 1950 a feira livre passa para a Praça do Comércio, atual Praça Edgard Pereira, onde concentrou-se a maioria das casas comerciais.
Em 1946, por resolução legislativa tentou-se a mudança do topônimo Caldeirão Grande para Itaguaçú (ita=pedra, guaçú=grande), não prevalecendo, mantendo a denominação antiga de Caldeirão Grande, cuja origem está na existência de grandes depressões nos terrenos, de formações rochosas, tipo bacias lajeadas afuniladas e impermeáveis (caldeirões de pedras), formando espelhos d’água que, agregando-se popularmente o termo “grande”, ficou o lugar denominado de Caldeirão Grande.
Pela Lei Estadual nº 628 de 30\12\1953, da Criação dos Municípios, o próspero povoado foi elevado a condição de vila e continuou pertencendo a Saúde, abrangendo os limites territoriais dos povoados de São Miguel, Baraúnas, Barracas, Ponto Novo e Vila Cardoso (Quilômetro 30) de acordo o D.T.A. do Estado da Bahia, vigorante de 1954/58.
EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE CALDEIRÃO GRANDE
Nesses últimos anos foi-se despertando o desejo de libertação. A emancipação de Caldeirão Grande tornou-se o principal objetivo dos caldeirãograndenses, unindo-se todos na luta pelo grande ideal político, destacando-se as lideranças por coragem e perseverança: PEDRO DIAS BEZERRA, NELSON SANTANA, MANOEL ENEDINO GAMA, PEDRO BEZERRA FILHO, CÂNDIDO GUIRRA, JOSÉ CARLOS DIAS BEZERRA, ALTAMIRANDA MAIA, JOSÉ EUSTÁQUIO RESENDE, JOAQUIM GAMA, JOSÉ FRANCISCO OLIVEIRA, QUINTINO MATOS, QUINTINO PEREIRA, JOSÉ PIRES, ADEMIR FERREIRA, entre outros.
Homens e mulheres contribuíram e foram muitas as barreiras que tiveram de enfrentar. A Criação da Emenda do Deputado JOÃO CARLOS TOURINHO, deu direitos legais à Emancipação e no ano de 1961, vencendo grande pressões políticas, realizou-se o Plebiscito entre os habitantes de Caldeirão Grande, obtendo resultados unânimes em favor da Emancipação desse Município. Era então Governador do Estado, Juraci Montenegro Magalhães, e pela Lei Estadual nº 1689, de 25 de Abril de 1962, com publicação no Diário Oficial de 27 de Abril de 1962, a Vila de Caldeirão Grande, foi elevada a condição de cidade e criado o Município, desmembrando-se do município de Saúde,
Com a Lei nº 4.837 de 24/02/1989 o distrito de Ponto Novo emancipa-se, e é anexado a este, o povoado de Barracas.
Caldeirão Grande ficou constituído do distrito (sede) abrangendo os povoados de São Miguel, Baraúnas e Vila Cardoso.
ASPÉCTOS FÍSICOS E GEOGRÁFICOS E CULTURA.
O município de Caldeirão Grande, com área territorial de 454.944 Km², e população de 13.555 habitantes, integra o Piemonte Norte do Itapicuru, localiza-se na Região Nordeste do Brasil, no Centro-Norte Baiano, Zona Fisiográfica de Senhor do Bonfim, em região semiárida, enquadrado no Polígono das Secas, com clima quente e seco, tendo estiagens prolongadas, predominando a vegetação de Caatinga e Cerrado, possuindo muitas lagoas e açudes. Com relevo de piemontês, vertentes e esplanadas, cristais e barras residuais, areia e substrato cristalino. Existe a Serra das Barracas, Serra do Imbé, Morro dos Cachorros, Morro da Serraria, Morro da Traíra.
A 322 km de Salvador, com os seguintes limites: Ao Norte: Ponto Novo; ao Sul: Caem; ao Leste: Ponto Novo e Oeste: Saúde . A Educação é considerada elemento base do processo do País e consequentemente do Município, abrangendo a Educação Básica - Infantil, Fundamental e Médio. A economia do município concentra-se na agricultura e pecuária. Caldeirão Grande é um dos maiores produtores de licuri, com produção de aproximadamente 500.000 kg anuais de seus 16 milhões e 500 mil palmeiras de licuri, por isso denominado Terra do Licuri, porque possui da natureza este presente, o licurizeiro, uma das principais palmeiras da região semiárida do Brasil de onde é nativo, reforçando a importância do licuri na economia das famílias da Caatinga.
A cultura é expressa nas artes da literatura dos poetas, pintores, grupos de teatro, danças, música, artesanato, esporte, folclore local e manifestações populares, dentre as quais citamos as cavalgadas, festas de argolinha, sapateado, samba de roda, batalhões, reisado, quadrilhas, banda de pífano, romarias, devoções aos santos etc. O caldeirãograndense é hospitaleiro e várias são as comemorações e festas em todo o município, destacando-se as festas religiosas tradicionais, atraindo pessoas da região:
- Festa da Padroeira Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em 27 de Julho;
- Festa de Nossa Senhora de Fátima em São Miguel em 13 de Outubro.
- Tradicional São Pedro da Rua 25 de abril
- A tradicional Festa do Aniversário da Cidade em 25 de abril.